Aliança Brasileira de Prevenção de Infecção em Sítio Cirúrgico ABPISC

ABPISC (2)

Objetivos

A Aliança Brasileira de Prevenção de Infecção em Sítio Cirúrgico (ABPISC) se propõe atuar nas seguintes estratégias para promoção e disseminação de informações relacionadas às infecções do sítio cirúrgico:

Educação: utilização das redes sociais para disseminação rápida e ampla do conhecimento acumulado sobre as Infecções de Sítio Cirúrgico (ISCs), realização de simpósios e a indução do Dia Nacional de Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico. Diretrizes: induzir a elaboração e atualização de diretrizes clínicas relacionadas aos protocolos de profilaxia e tratamento das infecções do Sítio Cirúrgico.

Pesquisa: estimular pesquisas institucionais e multicêntricas referentes aos fatores de risco, perfil epidemiológico, cultura institucional e práticas clínicas. Novas tecnologias: identificar e avaliar novas tecnologias que possam reduzir o risco de infecções do sítio cirúrgico sob os princípios da evidência científica, economicidade e análise dos desfechos.

Advocacy: utilizar os canais de acesso e comunicação junto aos órgãos governamentais responsáveis pela elaboração de políticas públicas que possam reduzir a infecção do sítio cirúrgico, que é um dos tipos mais comuns de eventos adversos que ocorrem em pacientes hospitalizados.

Conceitos

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) consistem em eventos adversos infecciosos que são adquiridas durante a prestação dos cuidados de saúde. Sendo assim, as IRAS, que acometem os pacientes durante a assistência oferecida pelos serviços de saúde. Portanto, pode-se adquirir uma infecção, no hospital, nos serviços de hemodiálise, na assistência domiciliar, em procedimentos ambulatoriais e nas clínicas odontológicas. As principais IRAS são: Infecção do Sítio Cirúrgico, Pneumonia, Infecção do trato Urinário e Infecção da Corrente Sanguínea. 1

Entre as IRAS, estão as ISCs. Essas infecções são relacionadas aos procedimentos cirúrgicos, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificadas conforme o sítio anatômico acometido em incisionais ou de órgão/espaço.  As incisionais são subdivididas em: incisional superficial (envolve apenas tecido cutâneo e subcutâneo) e incisional profunda, que envolve estruturas músculo-aponeuróticas. As ISCs relacionadas a órgão/espaço envolvem qualquer parte da anatomia, além da incisão aberta ou manipulada, durante o procedimento operatório. 2,3,4

O Centers for Disease Control and Prevention NHSN/CDC-2017 considera infecção do sítio cirúrgico aquela que ocorre até 30 dias após a operação ou até 90 dias nos casos em que houve colocação de implantes. 5

Magnitude do problema

Mais de 15 milhões de cirurgias são realizadas nos Estados Unidos anualmente.   Entre dois e cinco por cento desses pacientes desenvolvem uma ISC, que equivale a 160.000 a 300.000 ISCs em todo o país a cada ano. As ISC são atualmente a causa mais comum de IRAS e tem um custo estimado nos EUA, que varia de US $ 3,5 a US $ 10 bilhões por ano ao sistema de assistência médica nos EUA. 6, 7, 8,9

Em 2016, 14 Estados-Membros da União Europeia e a Noruega, participaram do estudo de vigilância sobre Infecção de sítio cirúrgico, para sete tipos de procedimentos cirúrgicos. O resultado encontrado foi: as infecções do sítio cirúrgico (ISC) estão entre as infecções mais comuns associadas às IRAS. Durante esse período, 10 304 ISCs foram relatados de um total de 630 551 procedimentos cirúrgicos. A porcentagem de ISCs variou de 0,5% a 9,0%, dependendo do tipo de procedimento cirúrgico. 10

No Brasil, foi realizado Inquérito Nacional de Prevalência de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) (2011-2013) com a participação de 152 hospitais das 5 macro regiões. Os hospitais foram classificados segundo o tipo de porte, em grande (≥ 250 leitos), médio (50 -199 leitos) e pequeno porte (< 50 leitos). Um total de 6520 pacientes participou do estudo. O resultado encontrado foi: o total de IRAS foi de 10,8 %. Infecções do sítio cirúrgico foram encontradas em 1,5% da amostra total, entretanto,  quando analisados os pacientes que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos, a ISC foi 9,8%. Vale salientar que esses dados são sem vigilância pós-alta hospitalar. 11

As ISC estão associadas às internações hospitalares mais prolongadas aos procedimentos cirúrgicos adicionais a tratamento em unidades de terapia intensiva e maior mortalidade. As ISCs geram impacto muito forte na economia da saúde de todos os países, sobretudo em países em desenvolvimento.  9

Estima-se que até 60% de ISCs pode ser evitada com o uso de medidas baseadas em evidências. Nos EUA, as ISCs tornaram-se uma métrica de pagamento por desempenho, que vinculam remuneração com a melhoria da qualidade no serviço prestado. 8

No ano de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Center Disease of Control and Prevention –CDC em 2017 realizaram revisão sistemática da literatura com o intuito de atualizar as recomendações descritas para prevenção e controle das ISCs. As recomendações se subdividiram em categoria IA (forte recomendação, apoiada por evidências de alta a moderada qualidade), IB (forte recomendação, apoiada por evidências de baixa qualidade a muito baixa qualidade), IC (forte recomendação, orientada por regulamentos estaduais ou federais), categoria II (recomendação fraca) e recomendação/questão não resolvida (evidências de baixa a muito baixa qualidade, incertas quanto aos benefícios e malefícios ou nenhuma evidência). 12,13

Mensuração

A vigilância das ISC contribui para reduzir as taxas de incidência e monitorar a qualidade dos cuidados de saúde, tornando o atendimento ao paciente mais seguro. Coletar os dados sistematicamente fornecerá informações valiosas, necessárias ao longo do tempo, na aplicação de medidas preventivas e corretivas para reduzir os danos aos pacientes. Alem disso, a coleta de dados padronizados permitirá que a instituição agregue, analise e relate o progresso para alcançar as metas estabelecidas na redução ISCs. Esses dados deverão ser conhecidos por toda a Instituição, na busca do envolvimento de todos para a melhoria da qualidade do paciente.

Bibliografia

  1. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília-DF, Brasil, 2017.
  2. Centers for Disease Control and Prevention. (2018, January). Surgical Site Infection (SSI) https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/9pscssicurrent.pdf
  3. Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília-DF, Brasil, 2017.
  4. Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emori TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992; A modification of CDC definitions of surgical wound infections. Infection Control Hosp Epidemiol. 1992; 13 606-608.
  5. NHSN – The National Health Care Safety Network- Patient Safety Component Manual. Chapter 9- Surgical site infection (SSI) event. 2018. p.9-1. https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/pcsmanual_current.pdf
  6. Science Daily. (2017, January 19). Surgical site infections are the most common and costly of hospital infections. https://www.sciencedaily.com/releases/2017/01/170119161551.htm
  7. Zimlichman, E., et al. Health Care-Associated Infections. A Meta-analysis of Costs and Financial Impact on the US Health Care System. JAMA Intern Med, 173(22): (2013): 2039-46.
  8. de Lissovoy, G., et al. Surgical site infection: Incidence and impact on hospital utilization and treatment costs. Am J Infect Control, 37(5): (2009): 387-97.
  9. Ban, Kristen A. et al. American College of Surgeons and Surgical Infection Society: Surgical Site Infection Guidelines, 2016 Update. Journal of the American College of Surgeons, Volume 224, Issue 1, 59 – 74.
  10. European Centre   for Disease   Prevention and     Healthcare-associated infections: surgical site infections. In: ECDC.  Annual epidemiological report for 2016. Stockholm: ECDC; 2018.
  11. Fortaleza CMCB   et     Multi-state   survey of healthcare-associated infections in acute care hospitals   in Brazil.  J Hosp Infect. 2017 Jun; 96(2): 139-1 44.
  12. Global Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection. (2016). Geneva: World Health Organization. Retrieved from ttps://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK401132/
  13. Berríos-Torres SI, et al. (2017). CDC- Guideline for the Prevention of Surgical Site Infection, 2017. JAMA Surg, 152(8), 784-791.

 

Components of the ABPISC – Brasília, DF – Brazil – 2019.

Dr. Julival Ribeiro

Dr. Bruno J. Queiroz Sarmento

Dr. Rodrigo Casselli Belém

Dr. Rodrigo N. Pinheiro

Dr. Kepler A. Falcão – USA

Dr. Aquiles L. Viana

Dr. Roberto Valente

Dr. Larissa Michetti Silva

Derek Lopes – medicine student

Nelson S. Garcia Chaves – medicine student

Aldyennes Carvalho – Nurse